quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Abrindo o livro.


Eu sempre digo que a curiosidade me leva além.

Morro de medo, mas tô lá olhando a briga violenta dos vizinhos ou o assalto à mão armada da menina que esperava no ponto de ônibus. Pra quem já foi assaltada seis vezes morando em Belém isso faz parte do aprendizado...
Isso tudo é só pra tornar público um fato que aconteceu comigo dias atrás.

Nas vésperas do final do ano, no salão de beleza, eu ouvia sem muita atenção a conversa da manicure com a cliente. Atentei quando ela falou: "Ela nunca erra! Final do ano passado eu fui lá e ela disse que meu marido ia operar, ele operou. Depois falou que eu ia engravidar, engravidei. E por fim, disse que eu ia viajar pra um lugar longe, e num é que acabei de voltar de Londres menina!".

A tal "ela" é uma vidente que joga cartas, por sinal, muito conhecida na cidade. E eu, curiosa toda, me meti na conversa e fiz logo um monte de perguntas.

Sempre tive vontade de ir num lugar desses. Se pudesse tomar uma pílula da invisibilidade eu iria passar um dia e uma noite num presídio, num hospício e num lugar desses, que mulheres lêem cartas. Queria o dia todo só pra saber se elas dizem a mesma coisa pra todo mundo.

Desconfiaças à parte, lá foi a Luana. Morrendo de medo de encontrar um terreiro de macumba ou uma casa toda enfeitada de santos estranhos e velas coloridas. Pra minha sorte não, até porque eu não sei até onde vai a minha coragem.

Sentei e esperei minha vez. Pensei em desistir três vezes. "Eu não posso deixar isso me dominar. Eu tô aqui por pura curiosidade!".

Quando começou fui logo dizendo que não queria saber de morte, de desgraça e que estava ali por estar vivendo uma fase de decisões (lógico que eu não ia subestimar a atividade da pessoa). No começo eu estava apreensiva, com medo de ser verdade as coisas que eu não queria que fosse. Depois relaxei. Foram 40 minutos de "consulta" e pra falar a verdade não lembro nem da metade do que a vidente disse.

Além do que ouvi que considero particular, penso que é comum rolar nesses jogos de cartas assuntos do tipo que você e seu namorado irão ter uma briga muito feia e consequentemente se separarão, que alguém vai morrer, que você vai viajar para um lugar longe (Pimba! A mesma viagem para Londres, será?), que alguém da sua família vai passar por uma cirugia, que vocês tem que cuidar do estômago ou de qualquer outro órgão, que você tem que abrir o olho para uma amiga que não é muito sua amiga e por aí vai... Na prática toda mulher vive isso no seu dia-a-dia.

De duas, uma: ou você deixa pra lá o que ouviu e leva tudo como brincadeira, ou começa a tomar decisões e atitudes que possam mudar o que foi dito. Particularmente, eu não duvido de nada, mas também prefiro não acreditar fielmente e me tornar escrava das palavras. Se isso mudou algo na minha vida? Não, nem um pouco.

E mais uma vez, a curiosidade me fez conhecer algo novo.

Daqui há um tempo, irei contar sobre experiências vividas lá pelas bandas do Pacífico.